HISTÓRIA
Em princípios deste século, o Governo Federal lançou, partindo de Bauru, rumo de Mato Grosso, os trilhos da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil. A região surpreendeu, pela fertilidade do solo, atraindo milhares de pessoas, em busca de riqueza. A origem de Araçatuba remonta a essa época. A 2 de dezembro de 1908, foi inaugurando uma estação ferroviária, ainda em plena floresta.
Numa clareira, erigiram-se as primeiras moradas, em ranchos simples, cobertos de sapé. À direita do leito da via Férrea, se instalou Miguel Caputi, e à esquerda Vicente Franco ou Machado Melo. Essa data é considerada como da fundação do patrimônio e comemorada, anualmente, com grandes festejos. Em 1911, de Jardinópolis, chegou uma caravana, cujos integrantes adquiriram terras a Elisio de Castro Fonseca.
No entanto, o desbravamento era dificultado pelos silvícolas, que dominavam essa área, defendendo-a em arremetidas cruentas. Nem sempre os desbravadores levavam a melhor, e, em 1916, um grupo, chefiado pelo engenheiro Cristiano Olsen, foi massacrado, quando procedia ao levantamento das terras do rio Feio. Com o crescimento do povoado, e graças aos esforços do engenheiro José Cândido, o ânimo belicoso dos indígenas foi apaziguado, retirando-se eles para a serra do Diabo, no pontal da confluência dos rios Paraná e Paranapanema.
Como grandes proprietários figuravam, já então, Joaquim Machado de Melo, Augusto de Morais, Manoel Bento da Cruz e Elísio de Castro Fonseca. Como fundadores da cidade apontam-se, entre outros, João Máximo de Carvalho, Manoel da Silva Prates, Paulo Bim, Paulo Biagi, Pedro Storti, Manoel Inácio, Antônio Pacheco, João Vasconcelos e Aprígio Cardoso.
Hoje Araçatuba figura entre as comunas paulistas de maior desenvolvimento, graças à sua posição privilegiada, solo fértil, magnífico traçado e labor de sua gente.
Formação Administrativa
Distrito criado com a denominação de Araçatuba, pela lei estadual nº 1580, de 20-12-1917, subordinado ao município de Penápolis (ex-Pennápolis). Nos quadros de apuração do recenseamento geral de 1-IX-1920, o distrito de Araçatuba, figura no município de Penápolis.
Elevado à categoria de município com a denominação de Araçatuba, pela lei estadual nº 1812, de 08-12-1921, desmembrado do município de Penápolis. Sede no antigo distrito de Araçatuba. Constituído do distrito sede. Instalado em 19-02-1922. Pela lei estadual nº 5888, de 25-04-1933, é criado o distrito de Diabase e anexado ao município de Araçatuba.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o município é constituído de 2 distritos: Araçatuba e Diabase. Pelo decreto nº 6546, de 10-06-1934, foram criados os distritos de Guararapes e Valparaíso e anexados ao município de Araçatuba.
Em divisão territorial datada de 31-XII-1936, o município é constituído de 4 distritos: Araçatuba, Diabase, Guararapes e Valparaíso. Pela lei estadual nº 2833, de 05-01-1937, desmembra do município de Araçatuba o distrito de Guararapes. Elevado à categoria de município. Pela lei estadual nº 2859, de 08-01-1937, desmembra do município de Araçatuba o distrito de Valparaíso. Elevado à categoria de município.
Pela lei n° 3024, de 04-08-1937, é criado o distrito de Rinópolis e anexado ao município Araçatuba. Em divisão territorial de 31- XII-1937, o município é constituído de 3 distritos: Araçatuba, Diábase e Rinópolis.
Pelo decreto estadual nº 9775, de 30-11-1938, o município sofreu a seguintes modificações: Araçatuba adquiriu do município de Monte Aprazível o distrito de Major Prado. O distrito de Diabase foi transferido com a denominação de Alto Pimenta, do município de Araçatuba, para o de Valparaíso. O de Rinópolis foi transferido do município de Araçatuba para o novo município de Tupã.
No quadro fixado para vigorar no período de 1939-1943, o município é constituído de 2 distritos: Araçatuba e Major Prado. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VII-1960. Pela lei estadual nº 8092, de 28-02-1964, o distrito de Major Prado passou a denominar-se Santo Antônio do Aracanguá.
Em divisão territorial datada de 31-XII-1968, o município é constituído de 2 distritos: Araçatuba e Santo Antônio do Aracanguá (ex-Major Prado). Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1988. Pela lei estadual nº 7644, de 30- 12-1991, desmembra do município de Araçatuba o distrito de Santo Antônio de Aracanguá. Elevado à categoria de município.
Em divisão territorial datada de 1997, o município é constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2009.
Habitantes nativos
Os índios foram os primeiros habitantes e donos da terra. A tribo Caingangue juntamente com a tribo dos índios Coroados estavam instaladas na região limitada pelos rios Tietê, Paraná e Paranapanema. Araçatuba era povoada pelos temidos caingangues (cain=ser; ing=viril e ang=superior a outros), índios considerados bravos que discutiam mesmo por fúteis motivos. Utilizavam como armas o tacape, que exigia força física e habilidade, além de arcos e flechas com ponta de ossos de macaco. Faziam utensílios domésticos com barro; colheres, pratos e copos confeccionados com a cabaça.
Com sons produzidos pelas suas bocas e atabaques tomavam a bebida denominada goiofá, alcoólica provinda do milho, podiam ser encontrados dormindo pela exaustão e embriaguez depois de uma noite inteira de atividades.
Seu corpo era troncudo e forte. Possuíam pele cor de cobre e brilhante, cabelos lisos e negros. Mulheres usavam franja. Tinham o costume de banhar-se. De hábitos nômades, viviam nus, as mulheres às vezes usavam tanga.
Estrategistas sabiam armar tocaias, atacando muitas vezes o homem branco. Os fazendeiros e agrimensores muitas vezes contratavam os chamados bugreiros, homens que matavam indígenas. Na época da construção da ferrovia calcula-se a existência de 1,5 mil índios na região. Quando chegou a barranca do Rio Paraná existiam cerca de 200.
A ferrovia Noroeste Brasil
A Estrada de Ferro Noroeste do Brasil é o ponto chave da formação de Araçatuba. Foi a execução da política que visava a interiorização e ligação com outros países da América do Sul pela necessidade econômica de busca de recursos tanto humanos (para agricultura) como naturais (ouro, pedras preciosas).
Iniciou-se a partir de Bauru - Itapura. Os primeiros 100 km saindo de Bauru, iniciados em 1905, foram realizados pela empresa Machado de Melo. Foi uma área mais fácil de ser executada pois haviam menos indígenas e melhor penetração. No entanto, o trabalho era braçal e demorado, pois não existiam máquinas para realizar os serviços de topografia necessários, apenas ferramentas rudimentares. Em 1914, o trecho foi unido com a Itapura-Corumbá, formando a Noroeste do Brasil.
A parte do leito da ferrovia seria então cuidada pelas chamadas turmas de conserva, com a construção de moradias para os trabalhadores e o feitor. Denominadas de turma 1, turma 2 assim sucessivamente de 8 em 8 km. Toda noite um funcionário era escalado para verificar as condições dos trilhos, se não existiam emboscadas feitas pelos caingangues, pregos soltos.